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Foto do escritorThais Bento Lima-Silva

A gerontologia enquanto ciência e o Gerontólogo enquanto profissão: entenda este contexto.


O envelhecimento populacional é uma conquista social. Com mais de 30 milhões de idosos no país, torna-se imprescindível a necessidade do estudo de ciências, como a gerontologia e de profissões, com campo de estudos voltados às questões multidimensionais do processo de envelhecimento.


Com o nascimento da Gerontologia por meio de reflexões de um cientista e fisiologista chamado Elie Metchnikoff, no ano de 1913, uma ciência que estuda o processo de envelhecimento, em seus aspectos biopsicossociais, passa-se a se ter novos conhecimentos sobre o envelhecimento do indivíduo. Em que denomina-se senescência, como o processo do envelhecimento saudável, com a preservação da autonomia e da independência do indivíduo. E senilidade como o processo de envelhecimento com a presença de doenças, que comprometem a capacidade de dirigir, administrar e gerir a própria vida.


Estamos em uma semana comemorativa à Gerontologia, que coincide com o dia institucional do profissional Gerontólogo. Mas que profissional é este? O gerontólogo é um profissional capacitado para avaliar, reconhecer e compreender as necessidades de cada idoso, promovendo a gestão da atenção à velhice de maneira integral. O Brasil possui dois cursos de bacharelado em Gerontologia reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC).


O primeiro foi criado em 2005 pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), na cidade de São Paulo, e o segundo teve início em 2009 na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em São Carlos, interior paulista. Ambos têm como objetivo formar um profissional generalista capaz de integrar equipes multiprofissionais e atuar em diferentes contextos voltados tanto para o envelhecimento ativo e saudável, como para a velhice fragilizada.


Um dos eixos de atuação do Gerontólogo na promoção do envelhecimento saudável inclui o planejamento e a elaboração de intervenções socioeducativas, com ênfase nos programas intergeracionais, nos programas de preparação para a aposentadoria, na condução de grupos de discussão sobre saúde e qualidade de vida na velhice, na promoção da saúde e intervenções psicoeducativas. Essas atividades propiciam a troca de conhecimentos, a interação social e a discussão de temas que envolvem o contexto sociocultural, geopolítico e pessoal dos indivíduos (Cachioni e Palma, 2006; Flauzino et al., 2010; Neri, 2006). São caracterizadas por estimular o potencial de mudança e de desenvolvimento associadas às diferentes fases do curso de vida, podendo ser desenvolvidas nos centros de convivência, equipamentos de saúde e centros de referência do idoso. A vantagem dessa modalidade de atenção é o baixo custo e a elevada eficácia para a manutenção da independência e da autonomia, favorecendo a participação social do idoso.


Atualmente, o gerontólogo pode ser encontrado em diversos equipamentos de atenção à pessoa idosa, dos tipos sociais e de saúde. Como exemplo, podemos citar operadoras de saúde, organizações sociais de saúde, instituições de longa permanência, empresas de cuidadores e cuidados de home care, startups de desenvolvimentos de produtos, aplicativos e serviços específicos para a pessoa idosa, hospitais, clínicas geriátricas, centros-dias, centros comunitários e instituições de ensino e pesquisa. Em cada espaço, a formação interdisciplinar do profissional gerontólogo o permite identificar demandas, criar e aplicar estratégias de promoção e prevenção de saúde, realizar gestão organizacional e de casos, e assistir não apenas o indivíduo, mas também seus familiares e cuidadores.


As mudanças biopsicossociais atreladas ao envelhecimento demandam atenção e cuidados especializados para a promoção e manutenção da autonomia e independência da pessoa idosa na sociedade, uma vez que uma maior expectativa de vida não significa apenas viver mais anos, e sim, viver mais e com a melhor qualidade de vida possível. Significa também tornar a nossa sociedade amiga de todas as idades.

este sentido destacamos que é possível envelhecer bem, com a saúde preservada, e deixamos algumas orientações, como:


- Cuide da sua saúde desde as fases iniciais da vida;

- O envelhecimento não começa na velhice e também não é sinônimo de doença, ele é um processo que acompanha o ciclo vital e o desenvolvimento, por isso, tenha um estilo de vida ativo, pratique atividades físicas regularmente;

- Durma bem, é durante o sono que consolidamos as informações aprendidas;

- Faça exercícios cognitivos, desafios intelectuais em todas as etapas e faixas etárias da vida, pois cuidados com a saúde mental, devem começar desde cedo, para que no futuro você seja um idoso saudável;

- Realize o autocuidado em sua rotina, você é uma pessoa muito importante e sua vida, tem muito valor;

- Mantenha-se em contato com outras pessoas, por meio de ligações telefônicas, contato nas redes sociais, marque visitas aos seus contatos próximos, e sempre que possível aprenda algo novo;

- Faça acompanhamentos de rotina, com profissionais especialistas na prevenção e promoção de saúde durante o processo de envelhecimento, como os profissionais gerontólogos e geriatras.


Nós somos tudo aquilo que vivemos ao longo de nossas vidas, um envelhecimento saudável/ativo resulta em uma longevidade sadia e bem-sucedida. Esperamos que tenham gostado de entender um pouco mais sobre o processo de envelhecimento, sobre quem é o profissional gerontólogo e a importância de cuidados com a sua saúde, para viver bem e ter uma boa qualidade de vida. Pois como dizem alguns estudiosos estamos vivendo a revolução da longevidade humana, e precisamos estar inseridos neste processo como protagonistas.


Fonte consultada: Associação Brasileira de Gerontologia, site: https://www.abgeronto.org.br/, acesso em 22/03/2021.


Assinam este texto:


Isabela Martins Oliveira

Vice-Diretora Científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Gerontóloga pelo CCBS/UFSCar. Mestre em saúde pública e doutoranda em saúde pública na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo com ênfase na Epidemiologia e Controle de Doenças e Agravos não Transmissíveis.


Naomi Barros Sanches

Assistente da Diretoria científica. Gerontóloga pela EACH/USP. Pós-graduanda em Especialização em Nefrologia Multiprofissional e MBA de Gestão em Saúde. Atuação em Centro dia para idosos, Instituição de longa permanência para idosos e operadora de saúde.


Thais Bento Lima da Silva

Diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Gerontóloga pela EACH/USP. Mestra e Doutora em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP. Docente do curso de Graduação em Gerontologia da EACH/USP, Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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