O cuidador de idosos tem um papel fundamental, que não se limita apenas a atuar na residência do idoso, abrange ter conhecimentos mínimos sobre cuidados em demências, informações básicas sobre autonomia e independência. Além de treinamento nas atividades de vida diária para supervisionar e acompanhar o idoso em seu cotidiano. Algumas competências são fundamentais para exercer esta função como a proatividade, a organização, a comunicação, ter participado de cursos e/ou grupos de apoio para receber informações educativas com profissionais de equipe multidisciplinar.
E quando falamos neste treinamento e suporte informativo estamos nos referindo a um tipo de intervenção que recebe o nome de psicoeducação. Durante as tarefas do cuidado você já ouviu falar em psicoeducação? Muitas vezes não sabemos o seu significado e como isso faz a diferença na vida e na trajetória dos indivíduos tanto cuidadores como idosos que tem o diagnóstico de demência.
A psicoeducação é uma estratégia que possibilita disseminar o processo de conhecer sobre o que é a doença, como aderir corretamente ao tratamento e se tratando de doenças como a Doença de Alzheimer, quais são os seus estágios e comportamentos esperados. Também abrange a prevenção do desenvolvimento destas doenças neurodegenerativas. Alguns cuidadores não tem informações suficientes a respeito das demências, e acreditam que tudo é uma mudança de comportamentos decorrentes da personalidade do individuo.
Dados da Organização Mundial de Saúde destacam que 1 de cada 2 pessoas acreditam que nada se tem a fazer quando se fala de demências, e grande parte da população mundial desconhece o que seja este grupo de doenças, acreditando que pouco e quase nada se fala, sobre o tratamento por exemplo da Doença de Alzheimer, contribuindo para mitos e estereótipos relacionados aos cuidados em demência.
O cuidador tem o papel de entender a peculiaridade de cada pessoa, pois os indivíduos têm uma trajetória de vida. A doença é particularmente algo inevitável, mas com informações e conhecimentos torna-se mais fácil lidar com a adversidade. Como por exemplo, a Doença de Alzheimer (DA) que é muito divulgada, mas poucos conhecem realmente suas causas, sintomas e os seus impactos.
Agora que você já sabe o que é psicoeducação, bem como a sua relevância, vamos ver como ela se aplica na prática? Existem programas direcionados exclusivamente para a psicoeducação de cuidadores de idosos diagnosticados com a DA e neste caso, obedecem uma estrutura específica. De acordo com pesquisadores, normalmente esses programas são voltados para grupos de cuidadores, têm entre seis e dez sessões e os encontros são semanais com duração de 2 horas.
Existe, entretanto, a possibilidade da psicoeducação ser direcionada de modo individual e sem uma estrutura como os programas psicoeducativos. O importante é que tanto nas práticas em grupos quanto nas individuais, a psicoeducação direcionada para cuidadores de idosos com DA tenham, entre outros, os seguintes objetivos:
Fornecer conhecimentos sobre a Doença de Alzheimer;
Ensinar as ferramentas necessárias para a gestão do cuidado físico, psicológico e social do idoso;
Ressaltar a importância do autocuidado para a saúde física e mental do cuidador;
Manejar adequadamente sintomas comportamentais e neuropsiquiátricos das demências.
Ter estratégias emocionais para lidar com a sobrecarga e o desgaste de cuidar da pessoa diagnosticada com demência.
Deste modo, cuidadores formais e informais, ao obterem esses conhecimentos, tornam-se melhor preparados e têm a possibilidade de desenvolverem novas habilidades que favoreçam a qualidade da própria vida e de quem é cuidado. E para que você possa obter mais conhecimentos sobre psicoeducação ou conhece alguém que pode se beneficiar desta prática, deixaremos duas dicas valiosas:
● Acompanhe as publicações do site Tudo sobre Alzheimer, aqui sempre há novas informações referentes ao envelhecimento e a velhice e claro, sobre a Doença de Alzheimer;
● Busque ajuda profissional, um gerontólogo, por exemplo, por ter formação multidisciplinar pode sanar as suas dúvidas e indicar ferramentas que podem auxiliar o seu processo psicoeducativo.
● Acesse o site da Associação Brasileira de Alzheimer e procure participar dos grupos de apoio que acontecem abertamente nas diferentes cidades brasileiras, https://abraz.org.br/2020/
Lopes, em publicação de 2012, ressalta em suas reflexões que cuidar de um idoso com demência pode ser uma tarefa onerosa e causar sobrecarga na vida do cuidador. A existência de serviços de apoio educativo, psicológico e social é essencial para reduzir as consequências advindas do ato de cuidar. A intervenção psicoeducacional pode contribuir significativamente para a melhora do bem-estar, para a aquisição de estratégias de enfrentamento da situação de cuidado, diminuição de sentimentos e pensamentos disfuncionais, melhora no senso de autoeficácia, entre outros benefícios.
Bibliografia consultada
Lopes, L.O; Cachioni, M. Intervenções psicoeducacionais para cuidadores de idosos com demência: uma revisão sistemática. J. bras. psiquiatr. 61 (4) • 2012 • https://doi.org/10.1590/S0047-20852012000400009, acessado em 09 de setembro, de 2021.
González, A. M.; Pontejo; E. M. Efectividad de los programas psicoeducativos dirigidos a cuidadores principales de familiares con enfermedad de Alzheimer. Gerokomos v. 29 n.1. Barcelona, mar. 2018. Disponível em:<https://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1134-928X2018000100022>. Acesso em 09 Set. 2021.
Assinam este artigo:
Gabriela dos Santos, Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Gerontologia pela USP, com Extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Assessora científica.
Ana Paula Bagli Moreira, Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), com extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca – México. Assessora científica do projeto de pesquisa de validação do Método SUPERA e pós-graduanda em MBA em Gestão de Saúde pelo Centro Universitário São Camilo.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. E assessora científica e consultora do Método SUPERA.
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