A doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa e progressiva, apresenta um tratamento que é dividido em farmacológico e não-farmacológico. E os cuidados em saúde dos portadores desta doença devem priorizar ações que visam promover da qualidade do indivíduo que possui a demência, como de seu cuidador, por isso falar da qualidade do seu sono é tão importante.
Quando falamos em sono estamos nos referindo a um dos ritmos biológicos mais evidentes e importantes que é o ciclo vigília/sono. Como o funcionamento de todo o nosso organismo é regido por ritmos é importante prestarmos atenção à mudança no ritmo do sono que pode interferir em diversos aspectos da qualidade de vida da pessoa.
Mas o que a Doença de Alzheimer tem a ver com isso?
Entender os ritmos biológicos, em especial o sono na Doença de Alzheimer (D.A.) é fundamental, pois os distúrbios do sono são muito comuns em pacientes com DA, chegando a atingir uma taxa entre 25 e 35% dessas pessoas. É importante explicar que a presença da luz solar é o melhor sinalizador para o bom funcionamento do ciclo vigília/sono para todas as pessoas. Mas como as pessoas com a D.A. apresentam uma degeneração na recepção do sinal luminoso, torna-se essencial a exposição à luz solar para esses pacientes, pois para eles se torna mais importante ainda fornecermos pistas temporais bem marcadas de quando é dia e quando é noite para o ajuste de seus ritmos biológicos como um todo, o que certamente vai auxiliar no ciclo sono/vigília.
Seguem algumas dicas para melhorar a qualidade do sono de pessoas com Doença de Alzheimer:
1 – Práticas de sono e vigília
• Procure manter um horário regular de deitar e levantar.
• Desenvolva uma rotina com atividades durante o dia de forma que a pessoa com Alzheimer possa se movimentar física e intelectualmente.
• Da mesma forma, desenvolva rotina relaxante e tranquila antes do momento de dormir.
• Limite o cochilo diurno a um curto período pela manhã, ou logo após o almoço, evitando dormir por longo tempo à tarde.
2- Práticas ambientais
• A pessoa deve passar algum tempo no lado externo dos ambientes durante o dia expondo-se à luz natural com um tempo de exposição direta ao sol.
• Deve-se manter bem iluminadas as áreas internas da casa onde o paciente permanece a maior parte do dia.
• Por outro lado, as áreas de dormir devem ser mantidas escuras durante a noite evitando ao máximo a exposição à luz durante a noite, bem como aos ruídos que podem prejudicar o início do sono.
3- Orientações de saúde
• Procure restringir o uso de cafeína, incluindo o chocolate, álcool e tabaco, especialmente à noite.
• Estabeleça horários regulares das refeições. Evite alimentos de difícil digestão à noite.
• Porém, é bom evitar despertares noturnos em função da fome. Então uma das dicas
é oferecer um copo de leite morno adoçado com mel (caso haja tolerância a ambos), pois o leite e o mel juntos formam uma combinação que ajuda a relaxar e induz ao sono.
• Alguns medicamentos podem provocar despertares noturnos para urinar, verifique com o seu médico caso a pessoa apresente essa necessidade mais do que duas vezes por noite.
• Perceba se há dores musculares, pois a presença delas pode contribuir para despertares noturnos.
Existem outras orientações, mas estas são as principais para fixar melhor esse aprendizado. Tentar sempre será a melhor opção, em busca de uma melhor qualidade de vida do seu ente querido.
As autoras
(também fazem parte do GRAz - Grupo de Referência em Alzheimer):
Profa. Ms. Eva Bettine é gerontóloga pela USP, mestra em filosofia modalidade saúde e educação e doutoranda pela mesma universidade, membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer e presidente da Associação Brasileira de Gerontologia Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS) e pesquisadora em ritmos biológicos no grupo de Cronobiologia da EACH/USP.
Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e conselheira executiva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG) e colunista e consultora científica do SUPERA Ltda.
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