Trata-se de um teste para avaliação cognitiva que, diferente do convencional, é feito via celular. 'Houve um estudo publicado em 2020 (Rai & cols Adv Exp Med Biol) que identificou controles saudáveis e indivíduos com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Isso, porém, não diz quem vai de fato demenciar e quando. Um outro estudo fez acompanhamento por 40 meses. Quarenta meses não são 10 anos', esclarece o neurologista Dr Paulo Bertolucci, coordenador do NUDEC (Núcleo de Envelhecimento Cerebral) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
Reforça o alerta também a neurologista Dra Sonia Brucki, uma das coordenadoras do GNCC (Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ela explica que ainda não há um teste que permita dizer em quanto tempo uma pessoa terá a demência da Doença de Alzheimer. Mesmo os exames de imagem, que marcam a presença do depósito de proteínas anômalas (que ocorre na D.A.) que podem estar alterados muitos anos antes do aparecimento de sintomas, permitem dizer em quanto tempo ou se a pessoa terá Alzheimer enquanto viva.
Além disso – completa ela - este teste foi desenvolvido em outras populações que podem ser diferentes em relação ao desempenho dos brasileiros. Estudos comprovando sua sensibilidade na detecção devem ser realizados aqui no Brasil.
O aplicativo
O app é o Altoida (Biocare) que age com inteligência artificial buscando identificar o CCL. Um teste rápido que pode ser feito com iPad ou iPhone (para Android o aplicativo ainda não está disponível) que avalia habilidades cognitivas e funcionais de uma pessoa.
É muito bem-vinda a tecnologia à serviço da saúde, concordam os especialistas. Mas é preciso ter cautela: ‘pode ser uma nova forma de avaliação, promissora, mas não se pode exagerar nem vender como um método miraculoso’, salienta dra Sonia.
E ainda que, no futuro, um teste seja capaz de apontar, muito tempo antes, que uma pessoa poderá desenvolver Alzheimer será necessário critério e cuidado, pois um resultado positivo sem orientação e suporte pode gerar ansiedade e depressão.
artigos sobre os estudos citados:
Os médicos neurologistas Dr Paulo Bertolucci e Dra Sonia Brucki são integrantes do Graz (Grupo de Alzheimer).
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